domingo, 19 de abril de 2009

Felicidade em Celofane

Há algum tempo, numa conversa, um amigo me fez uma pergunta um tanto peculiar: ele me perguntou por que a felicidade não pode ser como bombons, desses que a gente enfia na boca um atrás do outro, que dão satisfação imediada e que principalmente são fáceis de se conseguir. No começo eu concordei com ele, mas depois que eu pensei melhor, cheguei a outro ponto de vista. A questão é que bombons são ótimos, fazem um bem danado quando a gente come. Mas, se enfiássemos um atrás do outro na boca, como seria? É claro que o gostinho de chocolate ia ser um ótimo companheiro no começo, em seguida já seria um gosto conhecido e por fim, acabaria por nos enjoar. Iria enjoar de uma forma que não ia dar pra suportar nem o barulho do papel celofane, sem contar que depois de um tempo ia passar a fazer mais mal do que bem, engordando e estragando os dentes, porque tudo que é excessivo acaba enjoando. Bombons são para se comer de vez em quando, quando formos crianças bem comportadas e merecermos alguns de sobremesa, ou quando quisermos tirar algum gosto ruim da boca. Só assim para se aprender o valor do bombom. Dessa forma, não se aprende somente a sentir o gosto doce dominar a boca, destruindo qualquer vestígio de amargo, aprende-se também a apreciar o brilho encantador do papel enquanto a embalagem é aberta lentamente, o calor crescente depois da primeira mordida e a maneira como fazemos de tudo para o gosto não ir embora depois que terminamos. Com a felicidade é do mesmo jeito: se a tivermos em tempo integral, esqueceremos a sensação boa de sentir a felicidade nos invadir.

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