quinta-feira, 16 de abril de 2009

Olhava pela janela, o céu azul acinzentado com nuvens meio esfareladas pelo vento. Pelo ângulo que olhava, tinha até uma certa beleza, analisando os contrastes de luzes, sombras e cores. Suspirou, soltando ar e contrubuindo para a atmosfera de cansaço que pairava ao seu redor. Ela mesma não se sentia assim tão cansada, mas acreditava que tanta gente naquele mesmo estado de espírito acabava a influenciando de alguma forma. Tanto que toda a vez que entrava em um ônibus tinha vontade de poder sumir, tamanha a raiva que havia pego daquela atmosfera, aquele ar parado, de todas aquelas pessoas que ela nem sequer conhecia e já tinha um sentimento ruim, era inevitável. Sentiu-se mais pecadora do que nunca naquele momento e ainda assim sentiu a vontade costumeira de descer no próximo ponto e ir andando pra casa. Distraiu-se com o cenário que tantas vezes já tinha visto de diferentes ângulos. Queria poder sumir, pensou novamente. Afundou um pouco mais na poltrona tentando não calcular quantas mil pessoas teriam sentado no mesmo lugar em que ela estava, seria pior. Olhou para uma placa luminosa que nunca havia reparado, um dentista, ela supôs. Não enxergava bem de longe, então tinha que ficar com suposições as vezes. Ignorou um moleque que lhe fazia gracejos na esquina de uma rua e rezou para que o semáforo ficasse verde novamente. Se pudesse, mataria todas aquelas figuras que lhe apareciam. Depois ficou pensando desde quando tinha desenvolvido uma mente tão psicopata e irritada. Sorriu de leve, enquanto escondia a risada com uma tossida, para ninguém acusá-la de loucura precoce. Pensou nas coisas que havia abandonado, pensou em quem tinha a deixado. Levantou-se, pegando suas coisas e vendo se não havia abandonado nada pelo caminho. Desceu daquele antro de melancolia e pensamentos obscuros e proibidos e respirou fundo, como que para trocar o ar mais rapidamente. Tomou seu caminho, olhando pro céu. Era apenas mais um dia, um dia comum em que sua mente divagava absurdamente no caminho para casa.

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